A origem da Dança do Ventre remonta tempos muito antigos,
sobre os quais existe pouca documentação. Várias histórias foram criadas na
tentativa de ilustrar o seu surgimento, por isto é necessário um cuidadoso
trabalho de pesquisa e bom senso no momento de identificar se a informação é
falsa ou verdadeira.
Uma versão atribui seu surgimento aos rituais Sumérios, a
mais antiga civilização reconhecida historicamente estes habitavam, junto com
semitas, a Mesopotâmia 9região asiática delimitada pelos vales férteis dos rios
Tigre e Eufrates, atual sul da Turquia, Síria e Iraque). Outra mostra indícios
históricos da existência de uma dança com características semelhantes a Dança
do Ventre em países como a Grécia, Turquia, Marrocos e norte da África.
Porém, há informações que a dança do ventre teve a sua
origem no antigo Egito há aproximadamente 1500 A.C., em rituais religiosos como
forma de homenagear as divindades femininas associadas à fertilidade e a deusa
Ísis, Deusa da Fertilidade.
Com a invasão do povo árabe no Egito em 638 D.C., a dança
foi incorporada à cultura árabe, assumindo ares mais festivos. Foi este povo o
responsável por difundir a Dança que a partir daí tomou caráter de
entretenimento artístico. Surgiram neste contexto as Ghawazees, mulheres exóticas
e de origem cigana que dançavam ao ar livre (para o povo) e as Awalins,
dançarinas que se apresentavam nos palácios em festas e ocasiões solenes (para
a elite).
Hoje, é uma dança tradicional da cultura dos países do
Oriente Médio, sendo também praticada em várias outras regiões do mundo. Além
da tradicional dança árabe, há também danças com acessórios como os snujs, o
bastão e a espada; e ainda as que retratam a situação da época, como a das
beduínas e dos aguadores.
As mulheres do mundo oriental dançam umas para as outras, e
para elas mesmas. Formam um grupo e uma por vez levanta-se e desenvolve sua
performance, sem a presença de homens. Celebrando a espiritualidade e a força
feminina, transmitindo beleza e liberdade por meio da sua expressão particular.
Atualmente, no Egito, é comum haver apresentações de Dança
do Ventre em cerimônias de casamento. Nas quais os noivos desenham as sua mãos
no ventre da dançarina, referenciando os cultos da fertilidade.
A dança do ventre expandiu-se pelo mundo inteiro com a ajuda
dos viajantes, mercadores e povos nômades (como os ciganos e beduínos),
juntamente com outras características da cultura Árabe, tais como, culinária, a
literatura e a tapeçaria. No ocidente, ela chegou efetivamente no século XIX.
Em sua expansão pelo mundo, sofreu diversas influências, acumulando em cada
região diferentes interpretações e significados e ainda se encontra em um
continuo processo de desenvolvimento, recebendo influências, acumulando em cada
região diferentes interpretações e significados e ainda se encontra em um
contínuo processo de desenvolvimento, recebendo influências diversas, como
Dança Contemporânea e do Flamenco.
Em cada região, a Dança do Ventre recebeu um nome: no Egito
é chamada “Raqs El Sharq ou Raqs Sharqy”, que significa “Dança do Oriente” ou
“Dança do Leste”; na Grécia de “Chiftitelli”; na Turquia de “Rakkase”; na
França de “Dance Du Ventre” e no mundo ocidental é conhecida como “Belly Dance
ou Dança do Ventre”. Essa denominação deve-se aos movimentos, que são
predominantes no ventre e quadril feminino. A dança do ventre é a mais feminina
e sensual de todas as danças. A mulher, através da música, une seus movimentos,
expressão e sedução, transformando-os em sentimentos que compartilha com seu
público.
Seu poder hipnótico é devido à mágica combinação de
elementos religiosos e profunda sensualidade. Seus movimentos não são
numerosos, mas permitem uma grande diversidade de variações. É caracterizada
por movimentos suaves, fluidos, complexo e sensual do tronco, alternados com movimentos
de batidas e tremidos, movimentos de quadril, alternadamente ondulatórios e
vigorosos. Sua mensagem alegre e positiva vem conquistando gerações, que busca
preservar e difundir as sua características: sensualidade, leveza, beleza,
alegria, vitalidade e expressão.
Geralmente a dançarina apresenta-se descalça. Porém, desde o
surgimento dos grandes espetáculos de Dança do Ventre, sobretudo no Egito e no
Líbano, estas passaram a usar sapatos de saltos altos, talvez como uma forma de
demonstrar a ascensão social desta pratica oriundo do povo. Entretanto, muitas
ainda preferem dançar descalças, a fim de estabelecer um contato direto com a
energia da Mãe Terra.
Há autores que associam os movimentos rápidos da dança à
demonstração da alegria de viver, enquanto que os movimentos lentos estariam
associados à danças religiosos nas quais se buscavam imitar os movimentos do
trabalho de parto e do parto em si, como expressão de agradecimento às
mulheres, enquanto agente da perpetuação de espécie humana.
Além da Dança do Ventre tradicional, acompanhada ou não de
Véus e Snujs (pequenos címbalos metálicos que são tocados com os dedos), é
comum serem apresentados números com a Espada, o Punhal, o Candelabro (Raqs El
Shammadan), a Bengala (Raqs El Assaya), o Jarro, o lenço, as Flores e o
Pandeiro.
As danças com a espada, o punhal e com o candelabro são
inovações introduzidas recentemente. Tradicionalmente existem as folclóricas da
bengala, do jarro e do lenço. Algumas danças, tal como a da bengala, podem ser
acompanhadas por homens, com movimentos masculinos.
A Dança do Ventre tem envolvido desde o inicio do século XX
grandes profissionais – dançarinos, coreógrafos, figurinista, etc., passando a
fazer parte de eventos cada vez mais sofisticados e luxuosos. Com isto, sua
característica original (de prática não codificada e de improvisação)
transformou-se num elaborado trabalho de produção, fruto de exaustivo
treinamento e numerosos ensaios. Nos grandes festivais realizados no Egito, no
Líbano e na Turquia, as mais dançarinas apresentam-se acompanhadas de grandes
orquestras.
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